12 de Sep de 2023

PSDB

A determinação da juíza Thaís Araújo Correia, da 13ª Vara Cível de Brasília, que resultou no afastamento de Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul, da liderança nacional do PSDB, ressalta uma questão vital: a urgência de uma postura mais decisiva do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no que tange aos estatutos partidários, sugerindo a formulação de uma nova resolução.

O veredicto acentua o papel fundamental da justiça eleitoral ao impedir que partidos políticos adotem interpretações estatutárias que possibilitam múltiplas reeleições consecutivas, potencialmente prejudicando o essencial princípio democrático republicano de alternância do poder. Em uma análise anterior, o Supremo Tribunal Federal (STF), ao avaliar a ADI 6230, expressou que os partidos, ao exercerem sua autonomia constitucional, possuem a prerrogativa de determinar o tempo de mandato de seus líderes. Contudo, tal autonomia deve caminhar lado a lado com o princípio da alternância do poder, respaldado pela efetivação de eleições regulares dentro de prazos considerados razoavelmente adequados.

Diante deste cenário recentemente moldado pela decisão judicial, torna-se premente que o TSE avance na direção de assegurar a revisão e, quando necessário, a modificação dos estatutos de todos os partidos registrados. Esta iniciativa visa garantir que a autonomia partidária não se confunda, ou até mesmo se distorça, em uma centralização de poder desmedida, capaz de desestabilizar a robustez democrática da nação.

Ronaldo Nóbrega, colunista do "Poder em Foco", experiência de mais de 25 anos como jornalista e memorialista. Em sua trajetória profissional, atuou como consultor no TSE por 12 anos, representando um partido político. Entre suas contribuições, destaca-se a Consulta 1.185/2005, que questionou a aplicabilidade da Regra da Verticalização. Esse questionamento iniciou um intenso debate entre o Judiciário e o Congresso Nacional, culminando na Emenda Constitucional nº 52/2006. A emenda proporcionou maior autonomia aos partidos políticos ao eliminar a obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas. Sua influência nesse debate é reconhecida e mencionada na 27ª edição da obra "Direito Constitucional Esquematizado", escrita por Pedro Lenza e publicada pela Editora Saraiva em 2023.