Na manhã desta terça-feira (6), a Secretária-Executiva do Ministério das Mulheres, Maria Helena Guarezi, compôs a mesa de encerramento do Seminário Internacional “Brasil-Chile: Mulheres Conectando Fronteiras”, em Santiago, capital chilena. O objetivo do evento foi o de compartilhar informações e experiências exitosas para mulheres empreendedoras de ambos os países e facilitar o comércio principalmente para o setor de cosméticos.
“Trazer mulheres para esse espaço de comércio exige de nós muita coisa e também exige destes espaços alguns compromissos. O primeiro deles é o que foi dialogado aqui nos painéis, que é a necessidade de identificar os desafios que excluem as mulheres dos processos, porque nós vamos entrar para esses espaços, mas acumulamos outras responsabilidades e problemas que nos impedem de ter uma vida com dignidade”, destacou Maria Helena Guarezi.
Ainda como parte da missão, entre os dias 5 e 7 de agosto, acontece a “Jornada Exportadora”, um programa que oferece uma imersão em mercados internacionais, com o objetivo de preparar empresas para expandirem suas atividades comerciais. Nesta edição, de forma inédita, o foco será exclusivo em empresas lideradas por mulheres com 16 empreendedoras brasileiras representando sete empresas do setor de higiene pessoal e cosméticos e quatro do setor de moda. Essas são, em sua maioria, participantes da segunda edição do programa Elas Exportam, concluído em junho de 2024.
O programa, coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) e pela ApexBrasil com apoio do Ministério das Mulheres, oferece ferramentas para que mulheres empreendedoras ampliem seus negócios através de mentorias com lideranças femininas experientes no setor de comércio internacional.
"Com o Elas Exportam, buscamos capacitar as empreendedoras brasileiras para que possam enfrentar com mais segurança os desafios do mercado internacional. Esta missão ao Chile oferece uma oportunidade para aprofundar o conhecimento das empresárias e facilitar sua entrada no mercado global", explicou Tatiana Prazeres, secretária de Comércio Exterior do MDIC. A ação também contou com o apoio do MujerExporta, da ProChile.
Mulheres no comércio internacional
O Acordo de Livre Comércio entre Brasil e Chile, em vigor desde 2022, tem facilitado tratativas entre os dois países e é o primeiro acordo comercial finalizado pelo Brasil que inclui questões de gênero. Ele indica áreas de cooperação em educação financeira de mulheres, empreendedorismo, capacitação, acesso a financiamento e até políticas de cuidado.
O tema da igualdade de gênero tem sido um dos de maior destaque no comércio internacional multilateral, com destaque para as discussões em andamento no Grupo de Trabalho de Comércio e Investimento do G20, co-coordenado pelo MDIC e pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE) durante a presidência brasileira em 2024. O GT busca mapear as barreiras enfrentadas pelas mulheres no comércio internacional com o objetivo de promover políticas que possam melhorar a participação delas.
No Brasil, segundo dados de 2023 do estudo Mulheres no Comércio Exterior do MDIC, apenas 14% dos negócios de exportação e importação brasileiros pertencem às mulheres. Os dados de participação de mulheres brasileiras estão apenas um pouco acima da média de 76 países em desenvolvimento e emergentes analisados pela World Bank Enterprise Survey, pesquisa do Banco Mundial, que mostra que, entre as empresas exportadoras, as mulheres possuem apenas 10% das empresas de manufatura e 12% das empresas de serviços.
“Dentre os custos e barreiras de acesso às mulheres ao comércio exterior, não podemos ignorar o trabalho não remunerado com o cuidado. Mulheres são as principais responsáveis por cuidar de seus familiares e pela gestão e limpeza da casa e esse é um tempo que falta quando elas precisam se arriscar em novas áreas e desafios”, resumiu Maria Helena. Para a Secretária do Ministério das Mulheres, é mais do que necessário medidas que reduzam os custos de entrada para mulheres no mercado internacional.
Esta é apenas uma dentre muitas evidências que sinalizam como a inclusão de mulheres em todas as áreas do mercado de trabalho remunerado podem contribuir para a economia dos países. Afinal, estudo do Banco Mundial divulgado em maio de 2024 revelou que a desigualdade de gênero representa um desperdício de cerca de US$ 160 trilhões à economia global.
Agenda presidencial
O Seminário Internacional e o Programa Jornada Exportadora integraram o Fórum Empresarial Brasil-Chile que recebeu mais de 300 empresários brasileiros e que contou com a participação do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, e do presidente chileno, Gabriel Boric. O evento é um fruto da parceria entre o Ministério das Relações Exteriores (MRE), o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), além da Subsecretaria de Relações Econômicas Internacionais (Subrei) do Chile e a ProChile.
Na ocasião, o presidente Lula afirmou que estamos adentrando uma nova fase da relação diplomática e comercial entre Brasil e Chile. "Quando há bom diálogo político entre os países, o comércio e os investimentos florescem, gerando renda, emprego e inovação. A expressiva participação de empresários e empresárias neste evento reflete a força do empreendedorismo latino-americano e da política econômica e comercial de nossos países”, declarou Lula.
Também foram realizadas as assinaturas de 19 novos acordos entre Brasil e Chile para ampliação da agenda comercial durante a visita, com destaque para o Memorando de Entendimento entre chancelarias sobre temas de gênero. "Este é o primeiro memorando de cooperação em temas de gênero do Brasil, em acordo com o Plano Plurianual 2024-2027 que selecionou a transversalização de gênero e raça como um dos dez objetivos principais", explicou a ministra e alta representante para temas de gênero do Ministério de Relações Exteriores do Brasil, Vanessa Dolce de Faria.
Os demais acordos ainda abordaram o reconhecimento recíproco de carteiras de habilitação; memorando de entendimento entre Embratur (Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo) e a Fundação Imagem do Chile (Marca Chile); termo aditivo sobre certificação de orgânicos; mudanças na certificação eletrônica para o comércio de produtos de origem animal, vinhos e bebidas; cooperação em segurança cibernética e governo digital, entre outros.
Oportunidades
Segundo o Mapa de Oportunidades da ApexBrasil, há mais de 1700 oportunidades de negócios, investimentos, cooperação e inovação abertas para o Brasil em território chileno. O Brasil é o principal investidor latino-americano e o terceiro maior parceiro comercial do Chile. A relação entre os dois países soma 188 anos. Em 2023, o intercâmbio comercial entre os dois países totalizou US$ 12,25 bilhões.
Com Ministério das Mulheres.