José Ricardo dos Santos Luz Júnior*
O Fórum BRICS sobre Governança e Intercâmbio entre Pessoas 2023 foi realizado em Johannesburg, África do Sul, com o debate aprofundado sobre o tema “Implementando a Iniciativa de Civilização Global e Explorando Conjuntamente um Caminho para a Modernização”.
O tema escolhido para o Fórum do BRICS em 2023 sobre “Implementar a Iniciativa de Civilização Global e Explorar Conjuntamente um Caminho para a Modernização” não poderia ser mais apropriado, especialmente agora que a reforma da governação global, a luta para ter um multilateralismo verdadeiramente inclusivo e os esforços conjuntos para proporcionar um futuro comum partilhado com toda humanidade têm sido diariamente debatidos e construídos pelos países membros do BRICS, a fim de alcançar uma ordem justa, equitativa, pacífica e global construída sobre o espírito de abertura, inclusão, respeito mútuo e amor pela natureza.
A discussão abordou tópicos sobre (i) adesão ao conceito de equidade e justiça, manutenção do padrão internacional multilateral, (ii) promoção da transformação econômica, aprofundamento do desenvolvimento inclusivo e equilibrado, (iii) aprofundamento da cooperação dos grupos de estudo e consenso sobre a modernização, e (iv) adesão à aprendizagem mútua entre civilizações, promovendo conjuntamente o desenvolvimento estável e de longo alcance dos BRICS, tópicos esses que são a espinha dorsal dos debates para o desenvolvimento dos países integrantes dos BRICS.
Devemos sempre lembrar e enfatizar que embora o BRICS não seja um bloco econômico, a plataforma BRICS é uma aliança que coopera profundamente política, econômica e financeiramente.
Representando atualmente 41,13% da população total, os BRICS têm um mercado superior a 3 bilhões de pessoas e as economias dos cinco países membros do BRICS combinadas ainda representam um mercado global robusto, com um PIB combinado equivalente a 25,8% do PIB mundial total.
Além disso, os países do grupo são ricos em recursos naturais, com grandes reservas de petróleo, gás natural, minério de ferro, ouro, água, entre outros, sem falar nos milhões de hectares de terras aráveis.
Os BRICS devem promover a transformação econômica, aprofundando o desenvolvimento inclusivo e equilibrado. Para isso, os BRICS precisam de explorar critérios e procedimentos comuns, forjando gradualmente consensos, promovendo o estabelecimento de parcerias mais amplas e facilitando o desenvolvimento comum e a prosperidade em larga escala.
Sem dúvida, os BRICS têm legitimidade e voz para desempenhar um papel mais importante na governação global, no multilateralismo e no desenvolvimento econômico, cultural, social e político mundial.
A cooperação dos BRICS para promover a transformação econômica baseia-se no desenvolvimento de três pilares, a saber inovação, sustentabilidade e inclusão.
O livre fluxo de tecnologia e conectividade impulsiona e fortalece a cooperação na economia digital, na manufatura inteligente, na energia limpa e na tecnologia de baixo carbono, além de apoiar a reestruturação industrial e a modernização nos países BRICS.
O processo orientado para a inovação é uma ferramenta importante para a modernização e transformação da indústria, promoção do crescimento econômico inclusivo, facilitação do processo de tomada de decisão e estímulo das economias nacionais para cumprir a Agenda 2030 para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
Inquestionavelmente, a inovação deve defender o espírito de paz, inclusão, desenvolvimento, cooperação, sustentabilidade económica, social e ambiental.
No entanto, a adoção contínua de tecnologias digitais gera resultados complexos que exigem que os agentes políticos e os reguladores adotem abordagens flexíveis, adaptativas e colaborativas. Serão necessários novos modelos de governança digital, bem como o desenvolvimento de estratégias abrangentes que criem resiliência e promovam o crescimento econômico. A inclusão deve ser colocada no centro desta discussão; todas as pessoas e setores devem beneficiar da economia digital, incluindo as populações rurais, as mulheres, os jovens e as pessoas com deficiência.
Além disso, os BRICS devem continuar a enfatizar a importância da ciência e da educação, bem como da estratégia de desenvolvimento orientada para a inovação.
Tal como bem afirmou o Presidente Xi Jinping durante a primeira sessão do Congresso Popular Nacional Chinês em Março de 2023, é necessário transformar e modernizar as indústrias, promover o desenvolvimento urbano-rural e regional coordenado, envidar mais esforços para construir uma economia verde e de baixa economia e sociedade de carbono, e efetivamente melhorar a qualidade e expandir adequadamente a produção da economia.
Os BRICS lutam por um mundo unido, igualitário, equilibrado e inclusivo, e discorda totalmente do modelo de pequenos quintais com cercas altas.
Dadas as sinergias e potencialidades dos países BRICS, com base nos seus valores comuns, ainda há espaço para impulsionar o seu desenvolvimento e contribuição para o mundo, promovendo as áreas comercial, política, científica e cultural, bem como desempenhando um papel central nos esforços globais para travar as alterações climáticas. e papel fundamental na inovação, inclusão e desenvolvimento global sustentável.
É importante destacar que esta relação abrangente do BRICS é baseada na amizade e na confiança, através do pragmatismo e da flexibilidade, incluindo o estabelecimento de políticas que visam o desenvolvimento dos países em desenvolvimento, num processo de reindustrialização sustentável e de tecnologias orientadas para a inovação.
É necessário ampliar a parceria estratégica integral dos países dos BRICS nesta Nova Era, dadas as novas oportunidades de cooperação, especialmente em sustentabilidade, inovação e tecnologia, durante este processo de construção de um futuro comum compartilhado com toda a humanidade, levando a parceria a um novo patamar, gerando novas contribuições para a promoção e estabilidade regional e global.
Viva as nações BRICS!
José Ricardo dos Santos Luz Júnior é Co-Chairman & CEO do LIDE China (Grupo de Líderes Empresariais China) e Pesquisador do Grupo de Estudos dos BRICS na USP (GEBRICS/USP). Linkedin